sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SAUDADE DE PEDRO SIMÕES - CRÔNICA DE PAULO LOPO SARAIVA AO JORNAL DE HOJE.


 
LOGOMARCA DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES - ACLA - , CRIADA E FUNDADA POR PEDRO SIMÕES NETO, EM 2011.
 
PEDRO SIMÕES NETO
PAULO LOPO SARAIVA

Joventina Simões Oliveira - Facebook

"Homenagem do amigo Paulo Lopo Saraiva, publicada no Jornal Hoje, edição de 20/03.
 Transcrição na íntegra. Data: 20 fevereiro 2013 - Hora: 18:00 - Por: Portal JH"
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Saudade de Pedro Simões - 
Paulo Lopo Saraiva (*)  

No meu veraneio, na Praia de Búzios, de volta a Natal, recebi, com pesar, a notícia do passamento do inesquecível amigo Pedro Simões. Conheci-o numa das eleições da OAB e,  depois, na UFRN, quando juntos participávamos, como docentes, do Curso de Direito da UFRN. 
A minha amizade com Pedro Simões, sempre alargou-se, pois cada vez que dele me lembrava descobria novas virtudes do seu caráter e da sua personalidade íntegra. Colaborei com ele, em alguns episódios. Certa vez, referiu-se aos meus tempos de acadêmico de Direito, na Escola da Ribeira, quando, em pleno regime militar, frequentava as aulas “fardado”, sem jamais ferir a honorabilidade da convivência com os meus colegas de turma. Anos depois, o saudoso Pedro Simões relata a minha presença no histórico júri popular do Açu, em que, depois de conseguir a absolvição de quatro acusados, 2 mulheres e 2 homens, fui ameaçado pela multidão que me cercava. Lembra ele, nesse episódio, a manifestação do Brigadeiro Eduardo Gomes, em caso idêntico: “Forçado a descer do carro para completar o trajeto até a residência, teria, então, dito ao motorista: “Vamos andar numa marcha moderada, não tão lenta que pareça provocação, nem tão rápida que pareça medo”. E assim, foi abrindo clareira na multidão furiosa.” Pedro era o esteta da palavra escrita e falada. Convencia por princípios e não por normas. Fazia do verbo a sua principal estratégia de argumentação. 
Relembro-o como Pró-Reitor da UFRN, pela sua criatividade e pela sua competência. Na política da OAB/RN, foi um luzeiro, pois sua assessoria inteligente conduzia os candidatos à vitória. 

Pedro foi um exemplo de amigo e Mestre. Soube aliar, com brilho, a sua condição humana ao seu valor intelectual. Fará muita falta à nossa convivência e ao nosso cotidiano. Foi o criador da Academia de Letras de Ceará-Mirim, sua última e valiosa contribuição cultural. Pedro viverá sempre, pois como disse Guimarães Rosa “Não morrem os mortos, que, nos vivos, vivem.” Pedro Simões foi um literato e um concretista. Escreveu a verdade dos seus amigos e enalteceu as belezas de seu Ceará-Mirim. Pedro Simões foi a “patativa” do Vale, o cantor do verde belíssimo daquele encantador recanto potiguar. Agora a jandaia não cantará mais seu nome, como no romance “Iracema”, de José de Alencar. Morre o vate do verde Vale, como morreu a “Virgem dos lábios de Mel”, dos “verdes mares bravios!” 
Pedro Simões escreveu a nossa vida, as nossas lutas e vitórias. Obrigado, amigo. Deus o tenha no céu.
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(*) Advogado e professor
 (pauloloposaraiva@hotmail.com)

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