segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O ACERVO DO DN - POR VALÉRIO ALFREDO MESQUITA - ESCRITOR.



Jornal é como gente: nasce e morre. Tudo natural. Só aqui no estado posso enumerar dez ou mais que sucumbiram. O compromisso de um jornal noticioso é com a sociedade. Deve conquistar a credibilidade, o conceito e o respeito dos seus leitores, comprometido com a verdade. Isso o Diário de Natal teve e obteve desde a data de 1939 com os seus pioneiros e os navegadores seguintes até a data do seu falecimento. Todo o Rio Grande do Norte deplorou o encerramento de suas atividades e sente saudade do matutino que detinha nos seus quadros um admirável corpo de redatores, repórteres e jornalistas. Tudo nessa vida é circunstância e não quero nem devo entrar no mérito do “por que fechou?”. Acontece que a essência de qualquer jornal é narrar, informar, a história cotidiana do povo. Todas as manifestações do dia a dia são publicadas nos mínimos detalhes. O jornal conta com mais minúcias a história de um povo, de um município ou de um estado do que os próprios historiadores acadêmicos e oficiais, sem desmerecê-los. Mas, nas páginas de cada matutino ou vespertino estão registrados diariamente fatos e pessoas que constroem a vida social, cultural, científica, política e administrativa. Sem esquecer que ele é fonte natural de pesquisa, de estatística e de estudo dos acontecimentos da cidade, do estado e do país. Do que ocorreu nas ruas, estradas, delegacias, hospitais, instituições, etc., enfim a vida comum do cidadão. O jornal exprime o drama histórico da população com suas comédias e tragédias. E quando se fala em acervo, quer dizer tudo, inclusive, de forma superlativa: a fotografia, a imagem, do que aconteceu, ou quase tudo. Volto ao Diário que deixou de circular, deixando os seus leitores de perto e da distância bastante desapontados. Saiu dos lares e das ruas, não mais que de repente. Os assinantes ficaram surpresos. Era gerido pela sucursal de Recife. Empresa privada, detentora de imóveis e equipamentos da melhor qualidade que imprimiam o jornal. Naturalmente, eles estão disponíveis para serem alienados como bem aprouver a direção regional baseada em Pernambuco. Todavia, o que a sociedade questiona, unicamente, reside no destino do acervo histórico do Diário de Natal desde a sua fundação. É um relicário moral, telúrico, emocional e de potiguarania que somente ao povo do Rio Grande do Norte interessa. Este sim, é um bem inegociável porque é patrimônio cultural da gente. Com esse objetivo, a Academia Norte-Riograndense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, o Conselho Estadual de Cultura, irmanaram-se à Assembléia Legislativa e às entidades representativas da classe jornalística para sugerir ao governo do estado, através de sua secretaria de cultura, uma audiência pública, para discutir o assunto e encontrar a solução mais adequada. O Rio Grande do Norte não pode sofrer tamanha perda.

(*) valerio@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário